terça-feira, outubro 31, 2006

O Day After do Brasil

Bayard Boiteux e Mauricio Werner

O Brasil amanheceu com novo presidente e novos governadores. Seremos governados mais uma vez,por um período de quatro anos, por governantes escolhidos pelo voto direto e pela população, em geral. A democracia permitiu os debates, nem sempre com propostas muito concretas mas sobretudo com apresentação de programas desenvolvidos, dando ao eleitor a possibilidade de escolha.
Devemos confessar que no governo Lula, o Brasil avançou bastante no Turismo, sobretudo na promoção internacional e na quantificação das informações, gerando estatísticas, que permitiram que o turismo passasse a ser melhor entendido pelas elites e que figurasse também nos cadernos de economia, dos diversos jornais.
A medida mais interessante do Governo Lula foi criar um grande plano de Turismo, com metas pré estabelecidas, que hoje comprovam aumento de turistas internacionais, que duplicou nos últimos quatro anos e a criação dos novos produtos turísticos em quase todos os Estados da Federação, apresentados no Salão de Turismo e no Congresso da Abav, recentemente realizado, no Rio de Janeiro. Por outro lado, a equipe que cuida dos rumos do turismo é formada por profissionais experientes e finalmente o Rio foi contemplado com uma secretaria, no Ministério, o que não ocorreu anteriormente, quando tanto as diretorias da Embratur, quanto as secretarias do ministério eram divididas entre Estados do Nordeste e São Paulo.
No entanto, o novo período deverá trabalhar alguns aspectos importantes, que em nossa opinião devem ser aprimorados. O primeiro, o da segurança turística, notadamente no Rio de Janeiro. A aproximação do presidente Lula com o Senador Sergio Cabral, esperamos poderá beneficiar a implantação urgente de um programa de segurança turística, integrando as forças federais, estaduais e municipais, com a liberação de recursos e o fortalecimento efetivo dos Bptur e da deat, com salários diferenciados, cursos de turismo e renovação de viaturas e locais de trabalho.
Uma outra área que deve sofrer algumas modificações é a da capacitação. As faculdades devem ser ouvidas e sobretudos aquelas que são de vanguarda, convidadas a participar das decisões e das reuniões, inclusive do Conselho Nacional de Turismo. É preciso que fique claro o papel inovador de incubadora que escolas de turismo e hotelaria podem desenvolver. A Academia de turismo tem que estar presente nas decisões, sobretudo a formada por faculdades particulares,que totalizam mais de 70% de todas as existentes no país. A capacitação deve prever esforços não só de qualificação mas de reciclagem contínua dos mandos gerenciais, apoiando seminários de turismo em todo o país, que possam manter atualizados os que labutam nas chefias, em todo o país. São eles que precisam ser trabalhados, muito mais dos que os operacionais. Vivemos uma era de melhoria dos quadros operacionais, esquecendo as pequenas e médias gerências do Turismo. Um país turístico também precisa incluir obrigatoriamente em todas as grades do ensino médio e fundamental, uma disciplina voltada para o turismo, como forma de tornar a população, cada vez mais consciente do Turismo mas sobretudo recuperar a auto-estima das pessoas, com programas de Turismo Social, que permitam as classes mais desfavorecidas, usufruir do turismo, dentro de suas possibilidades.
Estamos seguros que o turismo pode promover uma grande revolução silenciosa no país, se atentarmos, para o fato de que não basta trabalhar em prol do turista, é fundamental melhorar a percepção do brasileiro, em relação a tal atividade.

Bayard Boiteux e Mauricio Werner dirigem a Escola de Turismo e Hospitalidade da UniverCidade, única auditada e certificada pela OMT, no Brasil.