quinta-feira, fevereiro 16, 2006

“Go home”

É meta explícita do governo Lula ampliar a receita de turismo. Os americanos viajam muito e gastam bom dinheiro. Logo, deve ser uma prioridade estimular a vinda desses gringos. Certo? Errado.
Não há vôo direto dos Estados Unidos para o Nordeste ou para Manaus. Dos cinco milhões de americanos que passaram pela América Latina no ano passado, apenas 700 mil entraram no Brasil, em geral para negócios.
A explicação: americanos precisam de visto para entrar aqui, o visto custa 100 dólares e só há duas representações brasileiras nos EUA que o concedem, pelo correio.
Mais fácil, portanto, ir a algum dos 130 países que aceitam americanos sem visto de entrada. Não se pode dizer que os cidadãos dos EUA sejam os mais benquistos do mundo. Entretanto, parece que a maioria dos países alardeia “yankees, go home”, mas separa essa atitude política e abre as portas para os turistas.
Pesquisa divulgada na revista “Economist” mostra que os americanos estão entre os três com mais liberdade de trânsito pelo mundo, junto com dinamarqueses e finlandeses.
O governo Lula engrossou com os americanos depois que os EUA, em seguida à destruição das torres de Nova York, passaram a fotografar e tomar a impressão digital dos visitantes. O Itamaraty resolveu pagar na mesma moeda. Reciprocidade, dizem, mas foi só para torrar a paciência dos americanos. Mesmo porque, se o Brasil fosse alvo de terroristas, eles não viriam dos EUA.
Desde então, o pessoal da área de turismo tenta convencer os colegas de governo que essa reciprocidade é um tiro no pé. Mas como se fez um estardalhaço xenófobo na ocasião, fica difícil voltar atrás.