terça-feira, agosto 29, 2006

O Rio merece respeito

Bayard Boiteux e Maurício Werner

O Rio de Janeiro é hoje e esperamos que continue sendo,o principal produto turístico do país mas a cada dia que passa, damo-nos conta do caos urbano que se instala na chamada Cidade Maravilhosa.
Verificamos que o crescimento desordenado das favelas e a falta de políticas sociais efetivas têm criado um verdadeiro poder paralelo, nas comunidades, que na ausência do poder publico, se instalou e resolveu atuar como um verdadeiro governo paralelo, com suas leis próprias e dando proteção às populações e em inúmeras situações,atendendo seus pleitos. É uma calamidade pública que demonstra como a cidade está partida,com um número cada vez maior de excluídos, que sem rumo, não sabe o futuro do dia seguinte.
O recente assassinato de um turista português deixou-nos perplexos. Há quanto tempo o trade turístico propõe um corredor turístico, que possa, com a participação dos governos federal, estadual e municipal realmente cuidar da segurança turística? Posso confessar que, pelo menos desde que o Prefeito César Maia criou o Conselho de Segurança Turística, em seu primeiro mandato. No entanto, nenhuma ação é feita. Ficamos no discurso e os governantes se aproveitam de tais episódios, para dar visibilidade a suas campanhas políticas. Que ações de relações públicas foram tomadas pelas autoridades? Poucas: o comandante do BPTUR visitou as áreas turísticas da cidade, o que teve um retorno eficaz e o secretario de estado de Turismo reuniu o comitê de segurança. Nenhuma ação foi, no entanto,desenvolvida em Portugal, hoje um dos maiores países emissores de turistas,para o Brasil.
Será que o governo federal ainda não se deu conta que cuidar do turismo não é apenas promover o Brasil no exterior, reunir o Conselho de Turismo em Brasília e participar de aberturas de eventos? A política de um país que apresenta problemas de segurança urbana deve se voltar para a criação de um plano emergencial de segurança Turística, com sinalização, treinamento das forças, criação do gabinete das emergências turísticas, criação de uma força de segurança turística nacional, para citar apenas algumas idéias.
Por outro lado, é necessário o entendimento de que não basta a criação de secretarias de turismo, deats, batalhões especializados, se não há de fato investimento nas áreas citadas. É bom sempre lembrar que a deat e o policiamento militar em áreas turísticas nasceram no primeiro governo Brizola, um dos maiores incentivadores institucionais do turismo em nosso país.
A crise da aviação civil, com a Varig reduzindo sensivelmente seus vôos, num primeiro momento, para poder se reposicionar e sobreviver no mercado tem impedido um crescimento real dos turistas, por falta de assentos nas aeronaves e criado um vácuo no terminal 2 do aeroporto Antonio Carlos Jobim.
O Rio está mergulhado numa crise de identidade, que apesar da boa vontade e gestão eficaz do alcaide navega em problemas, que são de outras alçadas,como a falta de infra-estrutura aeroportuária, um momento em que se espera o aumento de 30% dos passageiros que chegarão ao Rio, em cruzeiros, durante a temporada.
O Rio merece respeito e deve ser cuidado, para que possa continuar seduzindo milhões de turistas nacionais e internacionais. Com a proximidade do dia mundial do turismo, que se celebra no próximo dia 27 de setembro, acreditamos que devamos parar um pouco, para discutir as questões que foram levantadas. Conforme sugestão da OMT-Organização Mundial do Turismo, os países estarão comemorando tal data, com o lema” turismo é riqueza “mas que a riqueza natural e cultural se esgotam, caso não recebam o afago necessário para sua sobrevivência, como estabelece o Código de Ética Mundial do Turismo.

Bayard Boiteux é diretor do Curso de Turismo da UniverCidade (único no Brasil certificado pela OMT) e Maurício Werner é diretor presidente da Planet Work.