segunda-feira, abril 03, 2006

Prostituição tipo exportação Tráfico de seres humanos movimenta US$ 9 bi no mundo

Uma prática degradante, nascida ainda na antigüidade, está longe de acabar e vem se mostrando cada vez mais rentável. O tráfico de seres humanos, segundo o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), já é a terceira atividade criminosa mais lucrativa do mundo, atrás apenas do tráfico internacional de drogas e do contrabando de armas. Pelas estimativas da ONU, o negócio movimenta, anualmente, de US$ 7 bilhões a US$ 9 bilhões, equivalentes a cerca de R$ 19,7 bilhões. E, a cada ano, o Brasil confirma posição neste triste mercado, responsável pelo tráfico de 700 mil a 800 mil pessoas por ano em todo o mundo, parte delas transformada em escravas sexuais.
Levantamentos de órgãos do governo e entidades não-governamentais indicam que aproximadamente 15 mil a 20 mil pessoas deixaram o Brasil ano passado para abastecer prostíbulos de outros países. Os principais destinos são países da Comunidade Européia como Espanha, Portugal, Alemanha, Itália, Suíça e Holanda. Desde o início do ano passado, 66 pessoas já foram presas pela Polícia Federal brasileira acusadas de aliciamento e tráfico de seres humanos em Goiás, Rio Grande do Norte, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará e Minas Gerais. No estado, o problema está concentrado principalmente no Triângulo Mineiro, no Vale do Aço e na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que também ganha destaque no cenário mundial do tráfico de gente.
A maioria das vítimas sai do país em busca de um sonho de riqueza, que logo se transforma em pesadelo com agressões, cárcere privado, depressão, doenças, dependência de drogas, prisões e ameaças de morte. Pesquisa feita pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para o Ministério da Justiça, ano passado deparou com 15 mil mulheres e travestis que trabalhavam como profissionais do sexo em países europeus e foram deportados para o Brasil. Pelas estimativas do UNODC, cada pessoa transportada de um país para outro rende lucro de US$ 30 mil (R$ 65,8 mil) para as quadrilhas.
O número de brasileiros que movimentam as engrenagens da indústria do sexo, porém, podem ser bem maiores. Somente uma quadrilha desbaratada pela PF na semana passada é suspeita de ter enviado 300 mulheres da Grande BH para a Suíça. Apesar de ter prendido 12 acusados de aliciamento e tráfico de seres humanos, a PF não conseguiu localizar suas vítimas e apenas 12 mulheres que foram flagradas em prostíbulos de Zurique foram identificadas até o momento.