sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Sede da empresa que comprou VarigLog não foi encontrada pela Justiça

Rafael Rosas
Um insólito problema evitou que a Volo do Brasil fosse notificada sobre a suspensão da compra da VarigLog. O oficial de justiça encaminhado ao endereço da sede da empresa, no Centro do Rio de Janeiro, deparou-se com outra companhia funcionando no local. Já o Departamento de Aviação Civil (DAC) confirmou que, devido à liminar, paralisou a consulta feita pela Volo do Brasil sobre a aquisição da transportadora.
O endereço - que consta do Artigo 3º do estatuto social da própria Volo do Brasil - foi usado pelo Judiciário a partir de petição feita por Docas Investimentos, que pedia a suspensão da venda da VarigLog. A assessoria de imprensa da Volo não soube explicar porque a sede da empresa não foi localizada.
Alheia à barreira encontrada pelo oficial de justiça, a Volo do Brasil - criada no ano passado pelos empresários brasileiros Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luis Eduardo Gallo em associação com o fundo americano de private equity Matlin Patterson - divulgou ontem comunicado em que informa ter pago € 39.90 (US$ 48,2) milhões por 95% da subsidiária em 25 de janeiro.
No começo da semana, a juíza Maria de Lourdes Coutinho Tavares, da 7ª Vara Federal do Rio, suspendeu a negociação, alegando indícios de fraude à legislação, que limita a fatia de estrangeiros no bloco de controle de empresas aéreas a 20%.
Não notificada devido ao problema no endereço, a Volo segue dando as cartas na subsidiária de cargas. Fontes ligadas à VarigLog afirmam que o representante do Matlin Patterson, Lap Wai Chan, está à frente da administração da empresa.
Trabalhadores ligados à VarigLog, no entanto, negam a informação. Segundo Oscar Bürgel, presidente da Associação dos Mecânicos de Vôo da Varig (Amvar), a presidência continua com João Luiz Souza.
Ontem, os novos administradores da Varig Engenharia e Manutenção (VEM) informaram que o principal objetivo para os próximos anos será reduzir a participação dos serviços prestados à Varig no faturamento total da empresa. Desde o fim de 2005, a VEM é comandada pela Aero-LB, formada pelo fundo brasileiro Stratus, pela portuguesa TAP e pela GeoCapital, de Macau. O consórcio comprou a companhia por € 19.86 (US$ 24) milhões.
O presidente do Conselho de Administração da VEM, Jorge Sobral, disse que em 2005 o faturamento com a manutenção para terceiros da companhia (excluída a Varig) ficou em 49 milhões de euros. O objetivo é um crescimento anual de 8,3% até 2010.