sábado, janeiro 28, 2006

Segurança Turística: como resolver?

Bayard Boiteux e Maurício Werner

O recente assalto a um grupo de turistas ingleses, quando da sua chegada ao Rio de Janeiro, demonstrou mais uma vez, a fragilidade do sistema de segurança turística brasileiro, que embora tenha evoluído bastante, nos últimos anos, carece ainda de um plano nacional, que una as forças federais, estaduais e municipais no policiamento dos corredores, atrativos e equipamentos turísticos.
É lamentável a quantidade de táxis bandalhas oferecendo seus serviços nos terminais do aeroporto internacional do Rio, dos pedintes que circulam dentro das áreas de atendimento aos passageiros e dos maleteiros que fazem câmbio. Tal situação já é um demonstrativo de pouca articulação entre as autoridades que estão ali fixadas.
Por outro lado, não há nenhum incentivo para os policiais que trabalham em setores especializados, como o BPTUR e a DEAT. Se o turismo é prioritário, além de criar órgãos, temos que valorizar os que ali trabalham, com incentivos financeiros e de escala de trabalho. O salário pago aos integrantes de serviços municipais e estaduais, que zelam pelo turista é fora da realidade de quem convive, numa cidade rodeada por comunidades, chefiadas por um poder paralelo, que alguns insistem em desconhecer, inclusive recrutando hoje, populações africanas ,que chegam ao Brasil, com experiência de guerrilha urbana.
Um evento como o dos ingleses traz uma repercussão negativa, para o Brasil, como um todo e que deve ser seguido de uma ação de marketing e relações públicas no continente europeu e nomeadamente na Grã-Bretanha. É só pensar que a promoção desenvolvida para fortalecer a imagem do Rio pela Prefeitura no mercado londrino foi por água abaixo, ainda mais com a proximidade do carnaval, alguns britânicos já desistiram de vir ao Brasil.
Cada vez que um fato de tal porte acontecer, (e esperamos sinceramente que seja o último da grande temporada que se iniciou em dezembro), devem ser convocados os turistas pelo Prefeito ou pela Governadora, que deve pedir formalmente desculpas em nome do Rio, como um gesto simbólico e convidar tais turistas a voltarem a nossa cidade, como anfitriões de honra, custeados pelo governo. Por outro lado, uma campanha forte no mercado inglês, mostrando as belezas da cidade e a atuação das forças de segurança.
Quando criamos o Conselho de Segurança Turística, na primeira gestão do Prefeito César Maia, era para servir como um fórum deliberativo para buscar soluções mas que demandava a criação de um Programa Nacional de Segurança Turística, que traga no seu bojo, liberação de recursos do governo federal, para sinalização turística, treinamento das forças de segurança e linhas gerais de atuação conjunta de um policiamento ostensivo, durante todo o ano, dia e noite nas áreas e terminais turísticos.
Sabemos que a solução não está apenas no policiamento ostensivo mas na resolução dos problemas de habitação, trabalho, renda, maquiados por promoções de um real. No entanto, precisamos que o turismo seja um fator decisivo de melhoria na nossa qualidade de vida e não podemos ficar a mercê dos bandidos.
O Rio é a cidade mais linda do mundo,sua vocação está estampada na nossa alegria e receptividade mas O Brasil tem que se conscientizar que não avançaremos, caso não haja uma vontade política e administrativa de sair dos discursos e colocar na prática, medidas efetivas...

Bayard Boiteux é diretor do Curso de Turismo da UniverCidade e Maurício Werner é presidente da Planet Work.