terça-feira, fevereiro 14, 2006

Desclassificação hoteleira

Corria a segunda metade dos anos 70 quando o presidente da Embratur, Said Farah, resolveu classificar a hotelaria brasileira. Num único dia conseguiu tramitar por toda a burocracia ministerial e estavam prontas as normas que regeriam a dita classificação. Nós, representantes dos órgãos de classe na época, a duras penas conseguimos discutir e propor pequeníssimas alterações. A seguir começaram os primeiros ensaios no que se convencionou chamar de classificação provisória. Os hóspedes se acostumaram a reconhecer a hotelaria pelas estrelas e os próprios hotéis passaram a ostentar as estrelas em suas placas. Mais tarde, a Embratur resolveu extinguir a "constelação estrelar" dos hotéis. O que se viu a seguir foi uma grande confusão. A entidade civil da hotelaria brasileira lançou uma classificação em asteriscos (*) e a Embratur acionou-a judicialmente.
Depois ficou decidido que a Embratur emitiria as normas, mas a entidade civil patrocinaria a classificação. Vieram as matrizes, que acresceram às cinco categorias existentes uma nova, resultando no seguinte quadro: 1 estrela: hotel simples; 2 estrelas: hotel econômico; 3 estrelas: hotel de turismo; 4 estrelas: hotel superior; 5 estrelas: hotel de luxo e finalmente a 5SL estrelas: hotel superluxo. Nesse último tipo, o atendimento é feito 24h com pessoal trilingüe, há serviço de mordomo, carros de luxo e helicópteros para locação. Não temos no Brasil nenhum hotel na nova categoria e no total não passam de cem os hotéis classificados. Para quem já teve mais de dois mil hotéis classificados, o que se procedeu foi uma verdadeira desclassificação hoteleira.