França: choque de culturas
Bayard Boiteux e Maurício Werner
Nos anos de crescimento econômico pós-guerra, a Europa e nomeadamente a França começaram a receber grandes correntes migratórias, para realizar serviços que os franceses achavam de segunda categoria. Iniciou-se, assim, o nascimento de um novo cidadão, que embora tivesse a nacionalidade francesa, se sentia sempre filho de imigrantes e por conseguinte excluído.
Por outro lado, traziam consigo, os africanos, sobretudo os do Magreb, a religião muçulmana, a música e a gastronomia. Embora laica, a França tinha sido sempre um exemplo de país católico, o que para o francês médio, era o rumo a ser seguido.
Devagar, fomos assistindo a formação de cidades nas periferias, formadas sobretudo por imigrantes. Embora maquiadas de condições mínimas de sobrevivência, foram aos poucos demonstrando que ali se encontrava uma nova França, a dos nacionais de segunda classe. Eles foram crescendo e se deram conta que não eram mais aceitos em seus territórios de origem e que na França eram tidos como problemáticos e arruaceiros, embora executassem tarefas árduas, com afinco.
Nasceu também, um movimento de franceses revoltado, sobretudo com o desemprego advindo das últimas crises econômicas, que começou a apoiar Le Pen, que representa o que há de mais retrógrado na política européia e prega a volta dos estrangeiros para os seus países de origem.
Olhados como “gentalha”, como teve a coragem de afirmar o ministro do interior francês e representando mais de 10% da população, ou seja, de 6 a 7 milhões de pessoas, resolveram pedir socorro e a única forma encontrada para os guetificados, foram os atos de queima de carros e distúrbios nas periferias do maior país turístico do mundo. Conseguiram ser ouvidos: o poder público começou a enxergar o desemprego crescente, a falta de opções de lazer e a vulnerabilidade do salário mínimo. Entendeu-se pela primeira vez que estas pessoas estavam afastadas do poder constituído. Não existem prefeitos, deputados e ministros oriundos de tal componente importante da população.
Exemplos concretos são denunciados freqüentemente como códigos no momento do recrutamento e da seleção em empresas, para identificar verdadeiros e franceses filhos de imigrantes ou ainda cartas enviadas com nomes africanos e franceses por um mesmo indivíduo, sendo aquele europeu aceito. A terra prometida passa a se distanciar do sonho dos imigrantes, embora sempre melhor que a miséria encontrada na África. Hoje, inclusive, o Euro agravou as duas realidades sociais marcantes: a economia de mercado capitaneada pela França, Alemanha, e a outra com Portugal e Grécia que ainda tem na imigração uma forma de melhoria de vida.
O mundo se chocou com a realidade dos imigrantes, que só veio à tona por causa da visibilidade provocada nos últimos dias pelos jornais e televisões e compreendeu que urge a democratização da vida política francesa, criando canais para que as populações excluídas possam ser ouvidas e exprimam suas reivindicações.
A beleza de Paris não está apenas no seu patrimônio cultural, mas na riqueza de culturas encontradas diariamente, no metrô, nos restaurantes, nos templos religiosos e nas manifestações musicais, que hoje juntam franceses e estrangeiros. A França tem que mostrar ao mundo que a democracia é uma realidade no dia-a-dia da administração das diferenças e não apenas nos ideais de igualdade, fraternidade e liberdade.
Bayard Boiteux e Maurício Werner coordenam o Curso de Turismo da UniverCidade, no Rio de Janeiro. (www.bayardboiteux.pro.br)
Por outro lado, traziam consigo, os africanos, sobretudo os do Magreb, a religião muçulmana, a música e a gastronomia. Embora laica, a França tinha sido sempre um exemplo de país católico, o que para o francês médio, era o rumo a ser seguido.
Devagar, fomos assistindo a formação de cidades nas periferias, formadas sobretudo por imigrantes. Embora maquiadas de condições mínimas de sobrevivência, foram aos poucos demonstrando que ali se encontrava uma nova França, a dos nacionais de segunda classe. Eles foram crescendo e se deram conta que não eram mais aceitos em seus territórios de origem e que na França eram tidos como problemáticos e arruaceiros, embora executassem tarefas árduas, com afinco.
Nasceu também, um movimento de franceses revoltado, sobretudo com o desemprego advindo das últimas crises econômicas, que começou a apoiar Le Pen, que representa o que há de mais retrógrado na política européia e prega a volta dos estrangeiros para os seus países de origem.
Olhados como “gentalha”, como teve a coragem de afirmar o ministro do interior francês e representando mais de 10% da população, ou seja, de 6 a 7 milhões de pessoas, resolveram pedir socorro e a única forma encontrada para os guetificados, foram os atos de queima de carros e distúrbios nas periferias do maior país turístico do mundo. Conseguiram ser ouvidos: o poder público começou a enxergar o desemprego crescente, a falta de opções de lazer e a vulnerabilidade do salário mínimo. Entendeu-se pela primeira vez que estas pessoas estavam afastadas do poder constituído. Não existem prefeitos, deputados e ministros oriundos de tal componente importante da população.
Exemplos concretos são denunciados freqüentemente como códigos no momento do recrutamento e da seleção em empresas, para identificar verdadeiros e franceses filhos de imigrantes ou ainda cartas enviadas com nomes africanos e franceses por um mesmo indivíduo, sendo aquele europeu aceito. A terra prometida passa a se distanciar do sonho dos imigrantes, embora sempre melhor que a miséria encontrada na África. Hoje, inclusive, o Euro agravou as duas realidades sociais marcantes: a economia de mercado capitaneada pela França, Alemanha, e a outra com Portugal e Grécia que ainda tem na imigração uma forma de melhoria de vida.
O mundo se chocou com a realidade dos imigrantes, que só veio à tona por causa da visibilidade provocada nos últimos dias pelos jornais e televisões e compreendeu que urge a democratização da vida política francesa, criando canais para que as populações excluídas possam ser ouvidas e exprimam suas reivindicações.
A beleza de Paris não está apenas no seu patrimônio cultural, mas na riqueza de culturas encontradas diariamente, no metrô, nos restaurantes, nos templos religiosos e nas manifestações musicais, que hoje juntam franceses e estrangeiros. A França tem que mostrar ao mundo que a democracia é uma realidade no dia-a-dia da administração das diferenças e não apenas nos ideais de igualdade, fraternidade e liberdade.
Bayard Boiteux e Maurício Werner coordenam o Curso de Turismo da UniverCidade, no Rio de Janeiro. (www.bayardboiteux.pro.br)
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